13 de ago. de 2010

Dancem, macacos. Dancem!

É, diante de tantas coisas absurdas que estão acontecendo no meio em que vivo, acho que o vídeo abaixo cai como uma luva na proposta de refletir acerca do que fazemos (como mesmo sugeriu o pessoal do Dacs, em seu blog). 

Acho que, se questionada sobre um vídeo que recomendo, sem hesitar muito responderia: "Vai uma banana aí?".





Em tempo: o vídeo foi criado por Ernest Cline, numa abordagem divertida que apresenta a realidade do pensamento humano.
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30 de jul. de 2010

Amizade é...

Pode até ser que textos sobre amizade sejam batidos. E que textos sobre amizade recebidos por e-mail sejam ainda mais. Mas recebi um bonitinho esta manhã (e, felizmente, não foi em Power Point), que acho válido compartilhar. Foi escrito por Max Gehringer, aquele administrador de empresas que se tornou conhecido por colunas em revistas, na rádio CBN e no Fantástico.

"Existem cinco estágios em uma carreira.

O primeiro estágio é aquele em que um funcionário precisa usar crachá, porque quase ninguém na empresa sabe o nome dele. No segundo estágio, o funcionário começa a ficar conhecido dentro da empresa e seu sobrenome passa a ser o nome do departamento em que trabalha. Por exemplo, Heitor de contas a pagar. No terceiro estágio, o funcionário passa a ser conhecido fora da empresa e o nome da empresa se transforma em sobrenome. Heitor do banco tal. No quarto estágio, é acrescentado um título hierárquico ao nome dele: Heitor, diretor do banco tal. Finalmente, no quinto estágio, vem a distinção definitiva. Pessoas que mal conhecem o Heitor passam a se referir a ele como 'o meu amigo Heitor, diretor do banco tal'. Esse é o momento em que uma pessoa se torna, mesmo contra sua vontade, em 'amigo profissional'.

Existem algumas diferenças entre um amigo que é amigo e um amigo profissional. Amigos que são amigos trocam sentimentos. Amigos profissionais trocam cartões de visita.

Uma amizade dura para sempre. Uma amizade profissional é uma relação de curto prazo e dura apenas enquanto um estiver sendo útil ao outro. Amigos de verdade perguntam se podem ajudar. Amigos profissionais solicitam favores. Amigos de verdade estão no coração. Amigos profissionais estão em uma planilha. É bom ter uma penca de amigos profissionais. É isso que, hoje, chamamos networking, um círculo de relacionamentos puramente profissional. Mas é bom não confundir uma coisa com a outra. Amigos profissionais são necessários. Amigos de verdade, indispensáveis."

Eis que, procurando algo legal para ilustar a postagem, descubro um vídeo muito legal, que mostra o verdadeiro significado da amizade. Com vocês, os queridinhos Cascão e Cebolinha, protagonistas de histórias divertidas, estranhas e, também, de uma amizade que transcende o tempo e as diferenças.



"Algum dia, e esse dia chega rápido, os únicos amigos com quem poderemos contar serão aqueles poucos que fizemos quando amizade era coisa de amadores."
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21 de jul. de 2010

Eu e a Claudia Raia

A diva Claudia Raia, que se apresenta hoje na abertura do 28º Festival de Dança de Joinville, chegou à cidade ontem e concedeu entrevista coletiva para a imprensa. Bom, deixa eu explicar: refiro-me à ela como diva porque, diferente de tantas outras atrizes, estrelismo parece não fazer parte de sua personalidade. Sempre sorridente e bem humorada, respondeu a todas as perguntas de forma completa, esbanjando conhecimento.

O Tiago (o outro jornalista aqui da Premier) e eu praticamente brigamos por lugares na segunda fila, o que valeu muito à pena: vimos de perto o mulherão que é a Claudia. Eu, particularmente, fiquei com inveja branca das pernocas e do cabelo dela, realmente belíssimos! O Edson Celulari é um homem de sorte, segundo meu colega.

"Tô bombando no Sul. Me senti a Madonna quando eu soube que todos os ingressos para assistir ao musical haviam esgotado em tempo recorde", sorriu a bailarina, que além de atuar e dançar no espetáculo "Pernas Pro Ar", também solta a voz. Quem deu essa notícia para Claudia foi sua amiga Fernanda Chamma, coreógrafa de musicais e que, neste ano, é conselheira do Festival.

Infelizmente não conseguimos captar imagens da coletiva (as fotos da postagem são divulgação do ensaio feito para o musical), mas o jornal A Notícia deu conta do recado e publicou no blog do Festival um pouquinho da entrevista. Dá uma olhada (é só clicar aqui).


Depois de ver de perto a talentosa Claudia Raia, a única coisa que eu sei é que minha vontade (e expectativa) para assistir "Pernas Pro Ar" só aumentou. É hoje!!! Falando no espetáculo, vale dizer que é uma crítica às mulheres que, segundo a atriz, vivem num mundo monocromático. De estética limpa e moderna, é apresentado com projeções volumétricas, que dão a impressão de 3D. Super legal, hein?

O argumento do musical foi feito por Luis Fernando Veríssimo, que no material do espetáculo, observa: "Foi um reencontro. Eu já tinha feito a adaptação de uma peça francesa (eu acho) que ela estreiou, há muitos anos. Me lembro de ter ficado impressionado com seu talento. Tão moça, e já era uma comediante completa. Sem falar na beleza e na simpatia. Depois nos cruzamos em alguns programas de TV. Acompanhei seu trabalho como bailarina e atriz dramática também. E confesso que gostei quando ela rejeitou todas as minhas desculpas ("Não tenho tempo! Não tenho tempo!") e me convenceu a dar algumas ideias para esse espetáculo, já que tínhamos um gosto comum por musicais. Não fiz muita coisa: o Marcelo Saback, o Cacá Carvalho e a própria Claudia são os responsáveis maiores pelo roteiro. Mas foi bom reencontrá-la. E o que dizer da Claudia tantos anos depois do nosso primeiro encontro? Ela continua uma comediante multitalentosa e simpática e sua beleza só aumentou com o tempo. E que pernas!".

Ah, vocês acreditam que a Claudia foi capaz de dizer que não deve ser tão talentosa, pois fica repetindo, repetindo e repetindo os passos e as cenas, a fim de deixar o espetáculo impecável? Que modéstia, não? Além de ser a protagonista do musical e de ter se virado nos 30 para aprender a cantar direitinho, a atriz e bailarina foi também a responsável por visitar cerca de 100 possíveis patrocinadores, com o objetivo principal de poder popularizar as apresentações. "Tem horas que eu tenho vontade de chamar um táxi e ir pra Lua", admitiu. Mas ainda bem que a paixão pela arte fala mais alto. Sorte nossa!

[Publicado originalmente no blog da redação - Premier]
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18 de jul. de 2010

Que estranho! Estranhíssimo!

"Ai, meu Deus! Como tudo está esquisito hoje! E pensar que ontem tudo estava normal. Será que eu mudei durante a noite? Vamos ver: eu era a mesma quando me levantei esta manhã? Estou quase me recordando que me sentia um pouquinho diferente. Mas, se eu não sou mais a mesma, a pergunta é: ‘Quem afinal eu sou’? Ah, aí é que está o problema!”

Almejando um "país das maravilhas" diariamente, nada mais propício do que começar a semana pensando um pouquinho em/como Alice, sob o alerta da Duquesa: "Nunca imagine que não ser diferente daquilo que pode parecer aos outros que você fosse ou pudesse ter sido não seja diferente daquilo que tendo sido poderia ter parecido a eles ser diferente.”
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11 de jul. de 2010

This is it

Para comemorar o final da monografia, mais um pouco de Michael Jackson. Mas, desta vez, como você nunca viu!

"A magia, a maravilha, o mistério e a inocência do coração de uma criança são as sementes de criatividade que vão curar o mundo. Acredito nisso!"
(Michael Jackson)


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9 de jul. de 2010

Must have

Como eu adoro descobrir blogs bacanas, resolvi dar um tempo da monografia (que está no finalzinho, ou seja, sob controle) e dedicar um horário de almoço para fuçar os mais variados caminhos da web (que, ao contrário da concentração exigida para a mono, deixa minha cabeça mais leve). Eis que, pulando de blog em blog, encontrei o Neorama, que publica várias coisas legais sobre arquitetura, design e meio ambiente. Adorei todos os posts que li, mas me apaixonei por três deles:


1. Help! A tampinha para o ralo da pia mais legal que existe.
2. Democratea, Royaltea e Striptea: sachês de chá com ilustrações de personalidades como Barack Obama e Rainha Elizabeth, e de strippers. A ideia é da empresa alemã Donkey Products.
3. Desenhado por Luís Porém para o concurso Opus Award 2008, o RGB Raibow Glasses é um óculos com estrutura de plástico e um canal interno por onde a tinta a base de água passa.

Preciso de óculos (mas sou teimosa e uso lentes de contato), adoro tomar chá (principalmente de canela com leite) e faço meus rituais de “embelezamento da pele” na pia em frente ao espelho. Deve ser por isso que eu adorei essas criações e quero ter acesso a elas o quanto antes! E ah, não importa muito o formato dos óculos: o que importa é que ele pode combinar com todas, todas as roupas que eu vestir. Não é o máximo? I want everything!

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24 de jun. de 2010

Quem diz a verdade?


O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores numa posição
posterior aos porcos na prioridade de escolha de materiais
orgânicos é o fato de não terem dinheiro nem dono. Os humanos se
diferenciam dos outros animais pelo telencéfalo altamente
desenvolvido, pelo polegar opositor e por serem livres. Livre é o
estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma palavra que o
sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.

O trecho acima está na parte final do curta-metragem Ilha das Flores, de Jorge Furtado. Pra mim, ele representa um pouco de tudo que sinto ao assistir não só a esta obra, mas a tantas outras do mesmo diretor, como O Dia Em Que Dorival Encarou a Guarda, Meu Tio Matou Um Cara, O Homem Que Copiava, Saneamento Básico... e por aí vai. Elas me permitem reagir instantaneamente aos questionamentos que parecem fazer cair por terra os anos de aprendizagem, ao mesmo tempo em que me deixam com a pulga atrás da orelha quando me fazem ter empatia com os personagens...

Com Jorge Furtado, sinto mais ou menos a mesma inquietação que tenho ao me deparar com a citação de Ryszard Kapuscinski que abre o último capítulo de minha (tentativa de) monografia: "Estamos vivendo duas histórias distintas: a de verdade e a criada pelos meios de comunicação. O paradoxo, o drama e o perigo estão no fato de que conhecemos cada vez mais a história criada pelos meios de comunicação e não a de verdade."
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22 de jun. de 2010

Um destino fabuloso


Pintor: "Ela prefere imaginar uma relação com alguém ausente do que criar laços com aqueles que estão presentes." Amelie: "Hummm, pelo contrário. Talvez faça de tudo para arrumar a vida dos outros." Pintor: "E ela? E as suas desordens? Quem vai pôr em ordem?"

No início, Amelie parece uma pobre menininha: seu pai só se aproxima para lhe examinar, e sua mãe morre de forma inesperada. Ela parece abandonada, isolada, com medo do mundo lá fora. Porém, Amelie surpreende. Ela se supera e dá lições de vida de maneira divertida com seus planos mirabolantes para fazer os outros felizes.
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21 de jun. de 2010

Receita para dias chuvosos


As ruas ficariam muito mais divertidas se, em dias de chuva (típicos de Joinville, por sinal), as pessoas usassem guarda-chuvas legais como estes (que tornam-se, praticamente, acessórios):

01. O guarda-chuva de coração custa US$ 60 e está disponível em sete cores, aqui.
02. O Cloud Umbrella foi desenhado pelo Estúdio Joon&Jung, da Holanda. Concebido para chuvinhas e trechos curtos, por enquanto é apenas um conceito.
03. Guarda-chuva que muda de cor quando molhado. Custa US$ 38 e pode ser encontrado na MomaStore, em NY.
04. O estúdio Blunt Umbrellas desenhou e lançou um guarda-chuva com cantos arredondados e que, além disso, aguenta ventos de até 120 km/h sem quebrar. Com ele, a preocupação de desviar de um monte de pontas de ferro em calçadas apertadas pode ser esquecida! O tamanho padrão custa US$ 98 e pode ser comprado na loja do Blunt Studios.
05. A Ambient Umbrella permite saber se você vai encontrar chuva ou neve pela frente por meio de leds no seu cabo. Os dados meteorológicos são recebidos automaticamente através do site AccuWeather.com. Pode ser encontrado aqui.

Criativos eles são. Muito interessantes também. Pena que ainda estão tão distantes da gente que está numa cidade tão chuvosa. Mas, quem sabe as ideias possam ser aproveitadas por aqui, não?

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20 de jun. de 2010

Receita do dia

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18 de jun. de 2010

Vai e fica, Saramago!

"Essa voz nos fará falta ainda que seguirá ressoando a partir de seus livros. Seguirá estando, sempre esteve, do lado dos perdedores", disse Eduardo Galeano, sobre a morte de José Saramago.

Dele, o que mais me marcou, foi um trecho de Ensaio Sobre a Cegueira, que diz: "Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem".

Numa ocasião assim, Guimarães Rosa me inquieta: "A morte é para os que morrem... Será?".





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15 de jun. de 2010

Agite sua bandeira!

Podem falar o que quiser, mas a Copa do Mundo confere um clima diferente às cidades. Acho que, sem errar, posso dizer que, em sua maioria, as pessoas ficam mais empolgadas e, juntas, torcem para uma mesma nação. Por isso, aos que reclamam desta época, sugiro que tentem ver o lado bom do evento (que confere pelo menos algumas folguinhas para muitos trabalhadores).

Não vou comentar o jogo de estreia do Brasil na Copa 2010. não. Sobre isso, apenas repito aquela velha história dita (geralmente por técnicos e jogadores) depois de partidas vencidas, porém, que não convencem: o importante são os três pontos.

O que vou comentar neste post é, mais uma vez, a potência Coca-Cola, afinal, suas propagandas bem boladas para o período do campeonato são um enorme sucesso e, graças a elas, a música tema da Copa do Mundo 2010 tem conquistado cada vez mais torcedores. O clipe está logo aqui embaixo. É realmente contagiante.

A música é Wavin' Flag, interpretada pelo cantor somaliano naturalizado canadense K'naan e pelo espanhol David Bisbal. Não tem como não se deixar levar pelo ritmo, pelas imagens e, é claro, pela letra. Dá uma olhada:

Justificar

Tem também a música Waka Waka (This Time for Africa), interpretada pela cantora Shakira com participação especial do grupo sul-africano Freshyground. A letra é muito bacana também, vale a pena prestar atenção, com destaque para o trecho que diz "A pressão aumenta, você a sente / mas você tem o que precisa, acredite / quando você sair, levante / e se você sair, levante". Ótima para todos os dias, não só os de Copa do Mundo. Isso, sem esquecer da celebração (?) à África, continente de grande diversidade étnica, cultural e política, no qual são visíveis as condições de pobreza e marcas de grandes conflitos ali desenvolvidos. Confere aí:

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13 de jun. de 2010

Reclame com moderação!

Não sei se acho graça ou se fico indignada com as pessoas que parecem ter prazer em reclamar. Isso mesmo, reclamar. Se tá calor, querem o frio. Mas, se tá frio, clamam por temperaturas altas. Dá pra entender? Não, eu acho que não. Seria hipócrita da minha parte me isentar dessas queixas. Porém, minha consciência está bem tranquila quanto à isso, visto que, antes de reclamar, paro para pensar no real motivo da insatisfação. Até porque reclamar da chuva, quando se precisa pegar ônibus e saber lidar com muita gente, guarda-chuvas molhados e bolsas à tiracolo batendo nas cabeças alheias é passível de uma reclamaçãozinha, não?

Agora, quando o mundo inteiro esbanja o clima festivo de Copa do Mundo, surgem os anti-esportivos, se é que isso pode existir. Não gostar de futebol é uma coisa. É como não gostar de carne, de usar tênis ou correr. Gosto não se discute, mas deve ser respeitado. Por isso, se eu tô pouco me lixando pra um campeonato mundial da dimensão da Copa, não posso desrespeitar aqueles que veêm motivos para comemorar a cada gol, a cada jogada bonita, a cada lance polêmico. É o que eu penso e defendo. E não é por mero achismo, não. Quer apostar que lá na grande final muitos desses "odeio Copa" estarão lamentando que a próxima será só em 2014?

A Copa é só mais uma ocasião que me faz questionar o motivo de tantas reclamações. Se a TV tá transmitindo algum jogo de futebol, dizem "que droga!". Se não é futebol, no entanto, amaldiçoam o Gugu, o Faustão e sei lá mais quem faz a alegria de muitos nas tardes dominicais. E assim é diariamente. Se é segunda-feira, falta muito pro final de semana. Em compensação, se já é sexta, a frustração é não ter nada programado para os dias de folga. Se está trabalhando, a reclamação é com relação ao chefe, aos colegas, ao ambiente de trabalho. Se está desempregado, implora por aquele mesmo chefe, os mesmos colegas, o mesmo ambiente.

Caraca! Quando é demais enjoa, não é não? Que tal parar um pouquinho e reclamar de si mesmo? É, de seus valores, suas indignações. Será que são pertinentes? Se liga, meu amigo, senão, a reclamação será com relação à sua companhia: ninguém vai querer (assim como eu). Ou você acha agradável ter por perto alguém que não se contenta com nada?

Antes de terminar, preciso esclarecer que não defendo a ideia de nos contentarmos com tudo o que se apresenta em nosso cotidiano. Defendo, sim, desenvolvermos nossa capacidade de mensurar o que deve ser reclamação e o que deve ser insatisfação bem fundamentada. Que fique claro, assim como diz Oscar Wilde: "A insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação".

Por falar nisso, dá uma olhada no texto abaixo, de Beto Pacheco. É divertido... e acho que de ampla identificação para muita gente. Não acha?


Hans está insatisfeito porque não tem dinheiro para trocar seu BMW.
Maria está insatisfeita porque precisa pegar o ônibus às cinco horas da manhã para ir trabalhar.
Anna está insatisfeita porque acabou o sorvete de chocolate.
Joaquim está insatisfeito porque não tem mais caviar
Fernando está insatisfeito porque não conseguiu matricular sua filha na escola que queria.
Kanu está insatisfeito porque é escravo numa mina de diamantes.
Mark está insatisfeito porque descobriu que Papai Noel não existe.
Luizinho está insatisfeito porque não terá sequer ceia para comemorar.
Vladmir, está insatisfeito com o frio de – 20 C°.
Lawrence está insatisfeito com o calor de 45 C°.
Paolo está insatisfeito porque não consegue pegar tantas mulheres quanto seu amigo Franco.
Franco está insatisfeito porque terá de comprar mais cocaína.
Petrovich está insatisfeito porque não tem um fuzil de longo alcance.
Tommy ficará insatisfeito porque estará de serviço na delegacia no dia do massacre.
Alana está insatisfeita porque não consegue engravidar.
Dani está insatisfeita por estar grávida e não ter como cuidar.
Henry está insatisfeito porque seu irmão, Willian, assumirá o trono.
Willian está insatisfeito porque queria mais privacidade.
Raimundo está insatisfeito porque a última vaca que tinha morreu de sede.
Mauro está insatisfeito porque a onça que tem matado seu rebanho escapou da armadilha.
Ricardo está insatisfeito porque sua ONG não consegue salvar o número de onças que deveria.
Papapoulos está insatisfeito porque acha que sua mulher engordou demais.
Valery está insatisfeita porque seu marido tem chegado tarde seguidamente.
Victoria está insatisfeita por não se achar magra o suficiente para a passarela.
Akeem está insatisfeito por estar num campo de refugiados.
Seu filho, Hussein, está insatisfeito por ter de orar diariamente.
Lucca está insatisfeito porque só conseguiu realizar o trabalho encomendado após o terceiro tiro. Ele é perfeccionista.
Luana está insatisfeita porque não conseguiu arrecadar a quantidade de doações que queria. Ela é perfeccionista.
Ronaldinho está insatisfeito com seu trabalho.
Lee está insatisfeito por estar desempregado.
Clint está insatisfeito com os imigrantes.
Saddan está insatisfeito com os invasores.
Galileu ficou insatisfeito por duvidarem dele.
Darwin também.
Brian ficou insatisfeito porque Paul lançou um disco melhor que o dele.
Paul ficou insatisfeito com John por achar que ele não se preocupava com a banda como deveria.
John ficou insatisfeito com Paul por achá-lo egocêntrico.
Yoko concordou com John.
Van Gogh estava insatisfeito com sua orelha.
Charles Manson estava insatisfeito com o mundo em que vivia.
Hitler também.
Gandhi também.
Desmont Tuto Também.
Correa está insatisfeito com Uribe que está insatisfeito com Chávez que está insatisfeito com Obama que está insatisfeito com Kim Jong-il que também gera insatisfação em Taro Aso.
Pedro ficará insatisfeito amanhã por algum motivo.
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12 de jun. de 2010

Disse Clarice...

Acho que Clarice Lispector me ajudou a entender porque gosto tanto de desenhos e pinturas: é que o processo criador de um pintor e de um escritor são da mesma fonte. O texto deve se exprimir através de imagens, me disse ela, e as imagens são feitas de luz, cores, figuras, perspectivas, volumes e sensações.

Por falar em Clarice, abaixo posto um dos contos de sua autoria que mais gosto. Se chama "Feliz aniversário" e faz parte do livro "Laços de Família", publicado em 1998. É meio longo, é verdade. Mas a leitura prende e, ao mesmo tempo, leva o pensamento longe, como que se cada palavra fosse um alerta. Por isso, se puder, leia até o fim...


A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam muito bem vestidos porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a Copacabana. A nora de Olaria apareceu de azul-marinho, com enfeite de paetês e um drapeado disfarçando a barriga sem cinta. O marido não veio por razões óbvias: não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher para que nem todos os laços fossem cortados — e esta vinha com o seu melhor vestido para mostrar que não precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de peito nascendo, infantilizadas em babados cor-de-rosa e anáguas engomadas, e o menino acovardado pelo terno novo e pela gravata.

Tendo Zilda — a filha com quem a aniversariante morava — disposto cadeiras unidas ao longo das paredes, como numa festa em que se vai dançar, a nora de Olaria, depois de cumprimentar com cara fechada aos de casa, aboletou-se numa das cadeiras e emudeceu, a boca em bico, mantendo sua posição de ultrajada. "Vim para não deixar de vir", dissera ela a Zilda, e em seguida sentara-se ofendida. As duas mocinhas de cor-de-rosa e o menino, amarelos e de cabelo penteado, não sabiam bem que atitude tomar e ficaram de pé ao lado da mãe, impressionados com seu vestido azul-marinho e com os paetês.

Depois veio a nora de Ipanema com dois netos e a babá. O marido viria depois. E como Zilda — a única mulher entre os seis irmãos homens e a única que, estava decidido já havia anos, tinha espaço e tempo para alojar a aniversariante — e como Zilda estava na cozinha a ultimar com a empregada os croquetes e sanduíches, ficaram: a nora de Olaria empertigada com seus filhos de coração inquieto ao lado; a nora de Ipanema na fila oposta das cadeiras fingindo ocupar-se com o bebê para não encarar a concunhada de Olaria; a babá ociosa e uniformizada, com a boca aberta.

E à cabeceira da mesa grande a aniversariante que fazia hoje oitenta e nove anos.


Zilda, a dona da casa, arrumara a mesa cedo, enchera-a de guardanapos de papel colorido e copos de papelão alusivos à data, espalhara balões sungados pelo teto em alguns dos quais estava escrito "Happy Birthday!", em outros "Feliz Aniversário!" No centro havia disposto o enorme bolo açucarado. Para adiantar o expediente, enfeitara a mesa logo depois do almoço, encostar
a as cadeiras à parede, mandara os meninos brincar no vizinho para não desarrumar a mesa.

E, para adiantar o expediente, vestira a aniversariante logo depois do almoço. Pusera-lhe desde então a presilha em torno do pescoço e o broche, borrifara-lhe um pouco de água-de-colônia para disfarçar aquele seu cheiro de guardado — sentara-a à mesa. E desde as duas horas a aniversariante estava sentada à cabeceira da longa mesa vazia, tesa na sala silenciosa.


De vez em quando consciente dos guardanapos coloridos. Olhando c
uriosa um ou outro balão estremecer aos carros que passavam. E de vez em quando aquela angústia muda: quando acompanhava, fascinada e impotente, o vôo da mosca em torno do bolo.

Até que às quatro horas entrara a nora de Olaria e depois a de Ipanema.


Quando a nora de Ipanema pensou que não suportaria nem um segundo mais a situação de estar sentada defronte da concunhada de Olaria — que cheia das ofensas passadas não via um motivo para desfitar desafiadora a nora de Ipanema — entraram enfim José e a família. E mal eles se beijavam, a sala começou a ficar cheia de gente que ruidosa se cumprimentava como se todos tivessem esperado embaixo o momento de, em afobação de atraso, subir os três lances de escada, falando, arrastando crianças surpreendidas, enchendo a sala — e inaugurando a festa.


Os músculos do rosto da aniversariante não a interpretavam mais, de modo que ninguém podia saber se ela esta
va alegre. Estava era posta á cabeceira. Tratava-se de uma velha grande, magra, imponente e morena. Parecia oca.

— Oitenta e nove anos, sim senhor! disse José, filho mais velho agora que Jonga tinha morrido. — Oitenta e nove anos, sim senhora! disse esfregando as mãos em admiração pública e como sinal imperceptível para todos.


Todos se interromperam atentos e olharam a aniversariante de um modo mais oficial. Alguns abanaram a cabeça em admiração como a um recorde. Cada ano vencido pela aniver
sariante era uma vaga etapa da família toda. Sim senhor! disseram alguns sorrindo timidamente.

— Oite
nta e nove anos!, ecoou Manoel que era sócio de José. É um brotinho!, disse espirituoso e nervoso, e todos riram, menos sua esposa.

A velha não se manifestava.


Alguns não lhe haviam trazido presente nenhum. Outros trouxeram saboneteira, uma combinação de jérsei, um broche de fantasia, um vasinho de cactos — nada, nada que a dona da casa pudesse aproveitar para si mesma ou para seus filhos, nada que a própria aniversariante pudesse realmente aproveitar constituindo assim uma economia: a dona da casa guardava os presentes, amarga, irônica.


— Oitenta e nove anos! repetiu Manoel aflito, olhando para a esposa.


A velha não se manifestava.


Então, como se todos tivessem tido a prova final de que não adiantava se esforçarem, com um levantar de ombros de quem estivesse junto de uma surda, continuaram a fazer a festa sozin
hos, comendo os primeiros sanduíches de presunto mais como prova de animação que por apetite, brincando de que todos estavam morrendo de fome. O ponche foi servido, Zilda suava, nenhuma cunhada ajudou propriamente, a gordura quente dos croquetes dava um cheiro de piquenique; e de costas para a aniversariante, que não podia comer frituras, eles riam inquietos. E Cordélia? Cordélia, a nora mais moça, sentada, sorrindo.

— Não senhor! respondeu José com falsa severidade, hoje não se fala em negócios!

— Está certo, está certo! recuou Manoel depressa, olhando rapidamente para sua mulher que de longe estendia um ouvido atento.

— Nada de negócios, gritou José, hoje é o dia da mãe!


Na cabeceira da mesa já suja, os copos maculados, só o bolo inteiro — ela era a mãe. A aniversariante piscou os olhos.

E quando a mesa estava imunda, as mães enervadas com o barulho que os filhos faziam, enquanto as avós se recostavam complacentes nas cadeiras, então fecharam a inútil luz do corredor para acender a vela do bolo, uma vela grande com um papelzinho colado onde estava escrito "89". Mas ninguém elogiou a idéia de Zilda, e ela se perguntou angustiada se eles não estariam pensando que fora por economia de velas — ninguém se lembrando de que ninguém havia contribuído com uma caixa de fósforos sequer para a comida da festa que ela, Zilda, servia como uma escrava, os pés exaustos e o coração revoltado. Então acenderam a vela. E então José, o líder, cantou com muita força, entusiasmando com um olhar autoritário os mais hesitantes ou surpreendidos, "vamos! todos de uma vez!" — e todos de repente começaram a cantar alto como soldados. Despertada pelas vozes, Cordélia olhou esbaforida. Como não haviam combinado, uns cantaram em português e outros em inglês. Tentaram então corrigir: e os que haviam cantado em inglês passaram a português, e os que haviam cantado em português passaram a cantar bem baixo em inglês.

Enquan
to cantavam, a aniversariante, à luz da vela acesa, meditava como junto de uma lareira.

Escolheram o bisneto menor que, debruçado no colo da mãe encorajadora, apagou a chama com um único sopro cheio de saliva! Por um instante bateram palmas à potência inesperada do menino que, espantado e exultante, olhava para todos encantado. A dona da casa esperava com o dedo pronto no comutador do corredor - e acendeu a lâmpada.


— Viva mamãe!

— Viva vovó!
— Viva D. Anita, disse a vizinha que tinha aparecido.

Happy birthday! gritaram os netos, do Colégio Bennett.


Bateram ainda algumas palmas ralas.


A aniversariante olhava o bolo apagado, grande e seco.

— Parta o bolo, vovó! disse a mãe dos quatro filhos, é ela quem deve partir! assegurou incerta a todos, com ar íntimo e intrigante. E, como todos aprovassem satisfeitos e curiosos, ela se tornou de repente impetuosa: — parta o bolo, vovó!


E de súbito a velha pegou na faca. E sem hesitação , como se hesitando um momento ela toda caísse para a frente, deu a primeira talhada com punho de assassina.


— Que força, segredou a nora de Ipanema, e não se sabia se estava escandalizada ou agradavelmente surpreendida. Estava um pouco horrorizada.

— Há um ano atrás ela ainda era capaz de subir essas escadas com mais fôlego do que eu, disse Zilda amarga.


Dada a
primeira talhada, como se a primeira pá de terra tivesse sido lançada, todos se aproximaram de prato na mão, insinuando-se em fingidas acotoveladas de animação, cada um para a sua pazinha.

Em breve as fatias eram distribuídas pelos pratinhos, num silêncio cheio de rebuliço. As crianças pequenas, com a boca escondida pela mesa e os olhos ao nível desta, acompanhavam a distribuição com muda intensidade. As passas rolavam do bolo entre farelos secos. As crianças angustiadas viam se desperdiçarem as passas, acompanhavam atentas a queda.


E quando foram ver, não é que a aniversariante já estava devorando o seu último bocado?


E por assim dizer a festa estava terminada. Cordélia olhava ausente para todos, sorria.

— Já lhe disse: hoje não se fala em negócios! respondeu José radiante.
— Está certo, está certo! recolheu-se Manoel conciliador sem olhar a esposa que não o desfitava. Está certo, tentou Manoel sorrir e uma contração passou-lhe rápido pelos músculos da cara.
— Hoje é dia da mãe! disse José.


Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca-cola, o bolo desabado, ela era a mãe. A aniversariante piscou. Eles se mexiam agitados, rindo, a sua família. E ela era a mãe de todos. E se d
e repente não se ergueu, como um morto se levanta devagar e obriga mudez e terror aos vivos, a aniversariante ficou mais dura na cadeira, e mais alta. Ela era a mãe de todos. E como a presilha a sufocasse, ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, desprezava-os. E olhava-os piscando. Todos aqueles seus filhos e netos e bisnetos que não passavam de carne de seu joelho, pensou de repente como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete anos, era o único a ser a carne de seu coração, Rodrigo, com aquela carinha dura, viril e despenteada. Cadê Rodrigo? Rodrigo com olhar sonolento e intumescido naquela cabecinha ardente, confusa. Aquele seria um homem. Mas, piscando, ela olhava os outros, a aniversariante. Oh o desprezo pela vida que falhava. Como?! como tendo sido tão forte pudera dar á luz aqueles seres opacos, com braços moles e rostos ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a quem, obediente e independente, ela respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera filhos e lhe pagara os partos e lhe honrara os resguardos. O tronco fora bom. Mas dera aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa alegria. Como pudera ela dar à luz aqueles seres risonhos, fracos, sem austeridade? O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era o que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no chão.

— Mamãe! gritou mortificada a dona da casa. Que é isso, mamãe! gritou ela passada de vergonha, e não queria sequer olhar os outros, sabia que os desgraçados se entreolhavam vitoriosos como se coubesse a ela dar educação à velha, e não faltaria muito para dizerem que ela já não dava mais banho na mãe, jamais compreenderiam o sacri
fício que ela fazia. — Mamãe, que é isso! — disse baixo, angustiada. — A senhora nunca fez isso! — acrescentou alto para que todos ouvissem, queria se agregar ao espanto dos outros, quando o galo cantar pela terceira vez renegarás tua mãe. Mas seu enorme vexame suavizou-se quando ela percebeu que eles abanavam a cabeça como se estivessem de acordo que a velha não passava agora de uma criança.

— Ultimamente ela deu pra cuspir, terminou então confessando contrita para todos.


Todos olharam a aniversariante, compungidos, respeitosos, em silêncio.


Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. Os meninos, embora crescidos — provavelmente já além dos cinqüenta anos, que sei eu! — os meninos ainda conservavam os traços bonitinhos. Mas que mulheres haviam escolhido! E que mulheres os netos — ainda mais fracos e mais azedos — haviam escolhido. Todas vaidosas e de pernas finas, com aqueles colares falsificados de mulher que na hora não agüenta a mão, aquelas mulherezinhas que casavam mal os filhos, que não sabiam pôr uma criada em seu lugar, e todas elas com as orelhas cheias de brincos — nenhum, nenhum de ouro! A raiva a sufocava.

— Me dá um copo de vinho! disse.


O silêncio se fez de súbito, cada um com o copo imobilizado na mão.


— Vovozinha, não vai lhe fazer mal? insinuou cautelosa a neta roliça e baixinha.
— Que vovozinha que nada! explodiu amarga a aniversariante. — Que o diabo vos carregue, corja de maricas, cornos e vagabundas! me dá um copo de vinho, Dorothy! — ordenou.


Dorothy não sabia o que fazer, olhou para todos em pedido cômico de socorro. Mas, como máscaras isentas e inapeláveis, de súbito nenhum rosto se manifestava. A festa interrompida, os sanduíches mordidos na mão, algum pedaço que estava na boca a sobrar seco, inchando tão fora de hora a bochecha. Todos tinham ficado cegos, surdos e mudos, com croquetes na mão. E olhavam impassíveis.


Desamparada, divertida, Dorothy deu o vinho: astuciosamente apenas dois dedos no copo. Inexpressivos, preparados, todos esperaram pela tempestade.

Mas não só a aniversariante não explodiu com a miséria de vinho que Dorothy lhe dera como não mexeu no copo. Seu olhar estava fixo, silencioso. Como se nada tivesse acontecido.


Todos se entreolharam polidos, sorrindo cegamente, abstratos como se um cachorro tivesse feito pipi na sala. Com estoicismo, recomeçaram as vozes e risadas. A nora de Olaria, que tivera o seu primeiro momento uníssono com os outros quando a tragédia vitoriosamente parecia prestes a se dese
ncadear, teve que retornar sozinha à sua severidade, sem ao menos o apoio dos três filhos que agora se misturavam traidoramente com os outros. De sua cadeira reclusa, ela analisava crítica aqueles vestidos sem nenhum modelo, sem um drapeado, a mania que tinham de usar vestido preto com colar de pérolas, o que não era moda coisa nenhuma, não passava era de economia. Examinando distante os sanduíches que quase não tinham levado manteiga. Ela não se servira de nada, de nada! Só comera uma coisa de cada, para experimentar.

E por assim dizer, de novo a festa estava terminada. As pessoas ficaram sentadas benevolentes. Algumas com a atenção voltada para dentro de si, à espera de alguma coisa a dizer. Outras vazias e expectantes, com um sorriso amável, o estôm
ago cheio daquelas porcarias que não alimentavam mas tiravam a fome. As crianças, já incontroláveis, gritavam cheias de vigor. Umas já estavam de cara imunda; as outras, menores, já molhadas; a tarde cala rapidamente. E Cordélia, Cordélia olhava ausente, com um sorriso estonteado, suportando sozinha o seu segredo. Que é que ela tem? alguém perguntou com uma curiosidade negligente, indicando-a de longe com a cabeça, mas também não responderam. Acenderam o resto das luzes para precipitar a tranqüilidade da noite, as crianças começavam a brigar. Mas as luzes eram mais pálidas que a tensão pálida da tarde. E o crepúsculo de Copacabana, sem ceder, no entanto se alargava cada vez mais e penetrava pelas janelas como um peso.

— T
enho que ir, disse perturbada uma das noras levantando-se e sacudindo os farelos da saia. Vários se ergueram sorrindo.

A aniversariante recebeu um beijo cauteloso de cada um como se sua pele tão infamiliar fosse uma armadilha. E, impassível, piscando, recebeu aquelas palavras propositadamente atropeladas que lhe diziam tentando dar um final arranco de efusão ao que não era mais senão passado: a noite já viera quase totalmente. A luz da sala parecia então mais amarela e mais rica, as pessoas envelhecidas. As crianças já estavam histéricas.


— Será que ela pensa que o bolo substitui o jantar, indagava-se a velha nas suas profundezas.


Mas nin
guém poderia adivinhar o que ela pensava. E para aqueles que junto da porta ainda a olharam uma vez, a aniversariante era apenas o que parecia ser: sentada à cabeceira da mesa imunda, com a mão fechada sobre a toalha como encerrando um cetro, e com aquela mudez que era a sua última palavra. Com um punho fechado sobre a mesa, nunca mais ela seria apenas o que ela pensasse. Sua aparência afinal a ultrapassara e, superando-a, se agigantava serena. Cordélia olhou-a espantada. O punho mudo e severo sobre a mesa dizia para a infeliz nora que sem remédio amava talvez pela última vez: É preciso que se saiba. É preciso que se saiba. Que a vida é curta. Que a vida é curta.

Porém nenhuma vez mais repetiu. Porque a verdade era um relance. Cordélia olhou-a estarrecida. E, para nunca mais, nenhuma vez repetiu — enquanto Rodrigo, o neto da aniversariante, puxava a mão daquela mãe culpada, perplexa e desesperada que mais uma vez olhou para trás implorando à velhice ainda um sinal de que uma mulher deve, num ímpeto dilacerante, enfim agarrar a sua derradeira chance e viver. Mais uma vez Cordélia quis olhar.

Mas a esse novo olhar — a aniversariante era uma velha à cabeceira da mesa.


Passara o relance. E arrastada pela mão paciente e insistente de Rodrigo a nora seguiu-o espantada.


— Nem todos têm o privilégio e o orgulho de se reunirem em torno da mãe, pigarreou José lembrando-se de que Jonga é quem fazia os discursos.

— Da mãe, vírgula
! riu baixo a sobrinha, e a prima mais lenta riu sem achar graça.
— Nós temos, disse Manoel acabrunhado sem mais olhar para a esposa. Nós temos esse grande privilégio disse distraído enxugando a palma úmida das mãos.


Mas não era nada disso, apenas o mal-estar da despedida, nunca se sabendo ao certo o que dizer, José esperando de si mesmo com perseverança e confiança a próxima frase do discurso. Que não vinha. Que não vinha. Que não vinha. Os outros aguardavam. Como Jonga fazia falta nessas horas — José enxugou a testa com o, lenço — como Jonga fazia falta nessas horas! Também fora o único a quem a velha sempre aprovara e respeitara, e isso dera a Jonga tanta segurança. E quando ele morrera, a velha nunca mais falara nele, pondo um muro entre sua morte e os outros. Esquecera-o talvez. Mas não esquecera aquele mesmo olhar firme e direto com que desde sempre olhara os outros filhos, fazendo-os sempre desviar os olhos. Amor de mãe era duro de suportar: José enxugou a testa, heróico, risonho.

E de repente veio a frase:

— Até o ano que vem! disse José subitamente com malícia, encontrando, assim, sem mais nem menos, a frase certa: uma indireta feliz! Até o ano que vem, hein?, repetiu com receio de não ser compreendido.


Olhou-a, orgulhoso da artimanha da velha que espertamente sempre vivia mais um ano.


— No ano que vem nos veremos diante do bolo aceso! esclareceu melhor o filho Manoel, aperfeiçoando o espírito do sócio. Até o ano que vem, mamãe! e diante do bolo aceso! disse ele bem explicado, perto de seu ouvido, enquanto olhava obsequiador para José. E a velha de súbito cacarejou um riso frouxo, compreendendo a alusão.


Então ela abriu a boca e disse:

— Pois é.


Estimulado pela coisa ter dado tão inesperadamente certo, José gritou-lhe emocionado, grato, com os olhos úmidos:


— No ano que vem nos veremos, mamãe!

— Não sou surda! disse a aniversariante rude, acarinhada.


Os filhos se olharam rindo, vexados, felizes. A coisa tinha dado certo.


As crianças foram saindo alegres, com o apetite estragado. A nora de Olaria deu um cascudo de vingança no filho alegre demais e já sem gravata. As escadas eram difíceis, escuras, incrível insistir em morar num prediozinho que seria fatalmente demolido mais dia menos dia, e na ação de despejo Zilda ainda ia dar trabalho e querer empurrar a velha para as noras — pisado o último degrau, com alívio os convidados se encontraram na tranqüilidade fresca da rua. Era noite, sim. Com o seu primeiro arrepio.

Adeus, até outro dia, precisamos nos ver. Apareçam, disseram rapidamente. Alguns conseguiram olhar nos olhos dos outros com uma cordialidade sem receio. Alguns abotoavam os casacos das crianças, olhando o céu à procura de um sinal do tempo. Todos sentindo obscuramente que na despedida se poderia talvez, agora sem perigo de compromisso, ser bom e dizer aquela palavra a mais — que palavra? eles não sabiam propriamente, e olhavam-se sorrindo, mudos. Era um instante que pedia para ser vivo. Mas que era morto. Começaram a se separar, andando meio de costas, sem saber como se desligar dos parentes sem brusquidão.


— Até o ano que vem! repetiu José a indireta feliz, acenando a mão com vigor efusivo, os cabelos ralos e brancos esvoaçavam. Ele estava era gordo, pensaram, precisava tomar cuidado com o coração. Até o ano que vem! gritou José eloqüente e grande, e sua altura parecia desmoronável. Mas as pessoas já afastadas não sabiam se deviam rir alto para ele ouvir ou se bastaria sorrir mesmo no escuro. Além de alguns pensarem que felizmente havia mais do que uma brincadeira na indireta e que só no próximo ano seriam obrigados a se encontrar diante do bolo aceso; enquanto que outros, já mais no escuro da rua, pensavam se a velha resistiria mais um ano ao nervoso e à impaciência de Zilda, mas eles sinceramente nada podiam fazer a respeito: "Pelo menos noventa anos", pensou melancólica a nora de Ipanema. "Para completar uma data bonita", pensou sonhadora.

Enquanto isso, lá em cima, sobre escadas e contingências, estava a aniversariante sentada à cabeceira da mesa, erecta, definitiva, maior do que ela mesma. Será que hoje não vai ter jantar, meditava ela. A morte era o seu mistério.

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7 de jun. de 2010

Bom, ruim, assim assim...

Quer saber de uma coisa? Tudo pode ser bom, ruim e principalmente assim assim. Tudo ao mesmo tempo ou não, e não necessariamente nessa ordem...

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4 de jun. de 2010

Mais e melhor

A minha diferença para o resto do mundo é que a felicidade não é suficiente para mim. Eu exijo euforia!

Essa frase aí é do Calvin, um garoto de 6 anos que dedica parte integral do seu tempo para infernizar a vida dos outros. O grande barato é que ele tem preocupações de adulto, mas reações de crianças.

Não sei se com razão ou sem, mas liguei tal frase imediatamente a um filme que assisti há pouco tempo, O Show de Truman. Nele, um pacato vendedor de seguros, interpretado por Jim Carrey, tem sua vida virada de cabeça para baixo quando descobre ser um astro de um reality show desde que nasceu. A reviravolta acontece, no entanto, quando Truman decide não aceitar mais a realidade do mundo em que vivia e começa a velejar em busca de seu sonho... em busca da liberdade. Ele sobrevive a uma imensa tempestade provocada propositalmente e chega, enfim, a porta de saíde. Após um rápido diálogo com Cristhof, o criador do programa, Truman executa sua saudação padrão - "caso não os veja de novo, tenham uma boa tarde e uma boa noite" - acompanhada de uma reverência e atravessa a porta, levando ao delírio milhões de telespectadores que, de certa forma, também estavam se libertando do consumo desenfreado e irreflexivo.


Este é o meu trecho favorito do filme, que mostra que, assim como Calvin, Truman não estava satisfeito com as condições em que vivia, embora fossem confortáveis e não apresentassem nenhuma turbulência. Acho que, de alguma forma, eu também não fico satisfeita com o que se apresenta diariamente na minha vida... não é ingratidão, não. É apenas uma vontade inexplicável de fazer cada vez mais e melhor.

Infinity and beyond!
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1 de jun. de 2010

Privilégio?

Tenho certeza de que sou uma pessoa privilegiada pelos grandes amigos que tenho. Maduros e pueris ao mesmo tempo, estão sempre prontos pra enfrentar o que der e vier. Amizades sensatas me fazem bem e me permitem fortalecer a esperança de que o mundo pode ser melhor.

Entre tantos escritos sobre o assunto, creio que o mais propício e verdadeiro para o momento é original de Platão, que diz que "a amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro".


Ainda existe muita gente boa por aí... que bom que estão perto de mim. Que bom que eles existem. Que bom que a amizade, como já citou Mário Quintana, é um amor que nunca morre!
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31 de mai. de 2010

Michael Jackson não morreu!

Eu falo, falo e falo de novo, mas ninguém me dá muito crédito. Então, vejam aí: 50 motivos para acreditar que Michael Jackson não morreu. A dica é da minha queria irmã Bruna que, na ânsia de me ajudar com a monografia, achou a lista no site Vooz.

1. Há anos ele vinha passando longos períodos no Barein demonstrando sua intenção de fixar residência no país.

2. Ele estava ótimo e ensaiando 3 dias antes da “morte”.

3. A ambulância dos bombeiros demorou quase uma hora para remover o “corpo” de sua casa para o hospital, mesmo sabendo que nenhum procedimento mais complexo poderia ser feito na residência.

4. O médico dele ficou desaparecido por dois dias após o “anúncio” da morte.

5. Caixão fechado (nem o caixão do Papa ficou fechado o tempo todo).

6. Ninguém da família chorava de verdade. Nem conseguiam fingir, inclusive a filha pequena – obrigada a dizer alguma coisa.

7. Dívidas monumentais (Michael Jackson acumulava US 500 milhões em dívidas).

8. As máscaras, de uso constante, serviam para preparar o sósia que estava doente e em estado terminal, enquanto Michael cuidava de providenciar um novo rosto, para viver anônimo daqui por diante.

9. Quem ligou para o 911 estava calmo demais.

10. Em agosto ele ia ou vai lançar uma música chamada RESSUREIÇÃO, assim como já tinha lançado um album assim no passado!

11. Ninguem sabe pra onde seu corpo foi levado após o memorial.

12. Os médicos não falam a causa da morte.

13. O presidente dos EUA que era fã do astro só se pronunciou sobre o fato uma semana depois.

14. Um médico particular que abandona a própria carreira para se dedicar a um único paciente, justamente na hora mais crucial não acompanha seu “único” paciente ao hospital?

15. Michael costumava se disfarçar, ultimamente chegou a ir ao Oriente Médio disfarçado de mulher para fazer compras.

16. A demora no resultado da autópsia, nem no IML do Rio onde tudo funciona a carvão… é tão difícil reconhecer uma overdose?

17. Após a cerimonia a família “enlutada” foi “comemorar” num restaurante badalado.

18. Antes dele chegar ao hospital a CNN já dava Michael como morto.

19. Deixa um testamento em um fundo que o empresário e sócio administram. (Michael Jackson: Mãe não vai administrar bens).

20. Nos EUA existe uma lei que se tentarem te matar duas ou três vezes você pode mudar sua identidade e até forjar a própria morte.

21. Um grande estoque de coisas que ele (MJ) tinha leiloado para pagar dividas foi comprado por um suposto colecionador anônimo. (Cuecas de Michael Jackson vão a leilão).

22. Por que alguém que não faz shows desde 2006 teria uma turnê marcada, coincidentemente, para cerca de uma semana depois de sua morte?

23. O plano já teria sido traçado há muito, como mostra a letra de sua música Morphine, que fala sobre ataque cardíado, morfina e sobre o remédio Demerol.

24. No telefonema de emergência, em NENHUM momento o nome de Michael Jackson foi citado, apenas de um “homem que estava mal”.

25. Elizabeth Taylor, que era amiga íntima, disse que o evento do memorial era um “circo”.

26. Um caixão possivelmente vazio foi apresentado no espetáculo da despedida coletiva onde os ingressos não foram cobrados, “foi quem quis”. Ninguem judicialmente pode contestar nada.

27. Trabalhadores da fronteira dos Estados Unidos com o México, diz que Jackson e um homem não identificado teriam deixado o país na noite de sua morte.

28. Seu atestado de óbito fala apenas que o morto é um homem negro morto por causa ainda indefinida.

29. Produtos relacionados aos shows de Michael Jackson que deveriam ocorrer na O2 Arena, em Londres, estão sendo comercializados normalmente – mesmo após a morte.

30. O empresário e sócio não vão ao velório, sequer o médico particular se faz presente. (Conrad Murray, médico do astro, não foi ao funeral).

31. Depois do velório, em vez de levarem o caixão para o cemitério sumiram com ele!!!

32. Na ligação para a emergência, quem liga diz que o homem desmaiado está deitado na cama, e que o médico tentava reanimá-lo. Uma pessoa formada em medicina não saberia que massagem cardíaca deve ser feita em uma superfície dura?

33. Antes de ‘morrer’, assina um contrato para uma série de apresentações.. Diz que não leu o contrato (?), compromete-se a 50 shows, pensando que eram apenas 10.

34. Michael usava até mesmo nomes falsos para conseguir a medicação que ‘precisava’.(Michael Jackson usava nome falso para comprar medicamentos).

35. Sabe-se de que uns tempos pra cá, Michael usava manequins e até mesmo o sósia pra despistar a imprensa.

36. Antes dele chegar ao hospital a polícia já estava lá interditando a passagem de todos.

37. O pai, Joe Jackson, afirmou à ABC News que ele suspeita das circunstâncias que envolvem a morte do seu filho.

38. No funeral não houve cadastramento de credenciais para Jornalistas. O Michael era uma pessoa pública, todos os jornais, sites, rádios estavam voltados para a cobertura da “morte” dele. É claro que deveria haver o cadastramento da imprensa para a cobertura do funeral. Deste modo, a imprensa teve que conseguir um ingresso e ficar, no meio da plateia, narrando o que estava acontecendo. Mas ninguém viu, filmou, fotografou, registrou nada pelos bastidores.

39. O médico teria vindo a pouco mais de uma semana trabalhar com Michael avisando sua clientela de que iria para uma missão especial (Médico de Michael Jackson parou de clinicar 11 dias antes da morte).

40. A pessoa que apareceu na coletiva de imprensa sobre os Shows em Londres já era um impostor.

41. As cenas da ambulância que levou o cantor para o hospital mostram um caminhão mais lento que aqueles do gás que ficam tocando musiquinha. Isso era uma ambulância?

42. Agora o IML de Los Angeles quer ver todos os registros médicos de Michael Jackson. Ora ver registros médicos e dentários anteriores é procedimento quando se está em dúvida quanto à identificação do corpo.

43. “Se Michael Jackson estava tratando um quadro de dor muito forte, ele aguentaria mais morfina”, diz o anestesista do Hospital São Luis Daniel Oliveira. Isso porque o organismo cria mecanismos de resistência aos efeitos e necessita quantidades maiores para que a droga faça efeito.

44. O próprio cantor sabia que não estava em condições de realizar uma série de 50 shows, mas acabou cedendo à pressão de pessoas às quais devia dinheiro. ”Não sei como vou fazer 50 apresentações. Estou muito nervoso“, disse Michael em uma ocasião.

45. A informação recente de que nos últimos anos Michael se vestia como mulher na intimidade mostra que ele estaria treinando para passar-se por mulher quando estivesse no Oriente Médio, onde poderia usar a burca tranquilamente para esconder o rosto.

46. A AEG Live sugeriu que os fãs guardem os bilhetes dos shows em Londres.

47. A polícia está absolutamente confusa com o caso. “Com o que lidamos? O que eu posso dizer a vocês é que eu não tenho as respostas para essas questões”, declarou o chefe da Polícia de Los Angeles à emissora CNN.

48. Não foi feito o exame de DNA para confirmação da identidade. Ora, uma pessoa que teria feito 12 cirurgias plásticas só nos útlimos meses poderia ser identificado civilmente apenas por reconhecimento visual?

49. Confirmadas as notícias de que ele estaria com câncer seria esse um momento propício para o desaparecimento.

50. O Staples Center, ginásio onde foi feito o funeral é de propriedade da AEG Live a promotora dos Shows em Londres.
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