24 de jun. de 2010

Quem diz a verdade?


O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores numa posição
posterior aos porcos na prioridade de escolha de materiais
orgânicos é o fato de não terem dinheiro nem dono. Os humanos se
diferenciam dos outros animais pelo telencéfalo altamente
desenvolvido, pelo polegar opositor e por serem livres. Livre é o
estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma palavra que o
sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.

O trecho acima está na parte final do curta-metragem Ilha das Flores, de Jorge Furtado. Pra mim, ele representa um pouco de tudo que sinto ao assistir não só a esta obra, mas a tantas outras do mesmo diretor, como O Dia Em Que Dorival Encarou a Guarda, Meu Tio Matou Um Cara, O Homem Que Copiava, Saneamento Básico... e por aí vai. Elas me permitem reagir instantaneamente aos questionamentos que parecem fazer cair por terra os anos de aprendizagem, ao mesmo tempo em que me deixam com a pulga atrás da orelha quando me fazem ter empatia com os personagens...

Com Jorge Furtado, sinto mais ou menos a mesma inquietação que tenho ao me deparar com a citação de Ryszard Kapuscinski que abre o último capítulo de minha (tentativa de) monografia: "Estamos vivendo duas histórias distintas: a de verdade e a criada pelos meios de comunicação. O paradoxo, o drama e o perigo estão no fato de que conhecemos cada vez mais a história criada pelos meios de comunicação e não a de verdade."

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