17 de mai. de 2010

Alzheimer e o amor

O livro Para Sempre Alice, de Lisa Genova, conta a história de uma mulher que, aos 50 anos, começa a esquecer. No início, são coisas sem importância, como o lugar em que deixou o celular, ou a chave do carro. Tudo parece normal, até que um dia, ela se perde a caminho de casa. O diagnóstico inesperado de sua doença altera para sempre sua vida e sua maneira de se relacionar com a própria família e o mundo, afinal, Alice sempre fora uma mulher de certezas. Casada e mãe de três filhos adultos, era professora titular em Harvard, uma especialista de renome mundial. No entanto, quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade e, assim, apesar de tudo, Alice é para sempre.


O filme Diário de uma Paixão começa mostrando uma clínica geriátrica na qual uma interna ouve a história de Allie Hamilton e Noah Calhoun, dois jovens apaixonados que, em 1940, se conheceram num parque de diversões. Eles foram separados pelos pais dela, que nunca aprovaram o namoro, visto que Noah era um trabalhador braçal. Mesmo separados pelas circunstâncias, ambos permanecem assombrados pelas lembranças um do outro. Quando Noah volta para casa após a guerra, Allie se foi para sempre de sua vida, mas não do seu coração. Embora ele não saiba, Allie voltou à cidade onde se apaixonaram, porém, noiva de Lon, um soldado abastado. Décadas mais tarde, um homem lê um caderno antigo para uma mulher que visita regularmente no asilo. Embora a memória dela esteja prejudicada, ela se deixa envolver pela emocionante história de Allie e Noah e, por alguns breves momentos, consegue reviver uma época de paixão e turbulência, em que eles juraram que ficariam juntos para sempre.

O que quero abordar citando as obras acima é uma doença intrigante chamada Alzheimer. Uma moléstia que faz oportunidades serem perdidas, mas que, ao mesmo tempo, mostra a força que o amor pode adquirir.

O mal de Alzheimer é a forma mais comum de demência, uma doença degenerativa que, até o momento, mostra-se incurável. Descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, afeta geralmente pessoas acima dos 65 anos, embora seu diagnóstico seja possível também em pessoas mais novas — como é o caso da personagem Alice.

Cada paciente de Alzheimer sofre a doença de forma única, mas existem pontos em comum, como o sintoma primário da perda de memória (muitas vezes confundidos com problemas de idade ou de estresse). Com o avançar da doença, aparecem novos sintomas, como confusão, irritabilidade, agressividade e falhas na linguagem.

Embora ainda não apresente resultados satisfatórios de cura, cientistas do Reino Unido e da França anunciaram, em 2009, a descoberta de três genes que poderiam reduzir em até 20% seus índices de incidência na população.

Coincidência ou não, o jornal A Notícia de hoje publicou, no caderno Viver Bem, alguns exemplos de pessoas acometidas pelo Alzheimer. O que mais me chamou a atenção, porém, foi ler histórias reais sobre a ficção que eu já havia acompanhado. A matéria aponta, em pouco mais de uma página, que doentes de Alzheimer, apesar dos danos à memória, continuam a perceber manifestações de afeto. “Rubem Bertolucci, 73 anos, é um exemplo concreto daquilo que um estudo realizado pela Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, acaba de comprovar. Pacientes consumidos pelas falhas de memória, concluíram os pesquisadores, podem até esquecer fatos, datas e pessoas. Mas nem por isso deixam para trás sentimentos e emoções desencadeados por um acontecimento”, diz a reportagem.

Essa informação me bastou. Foi suficiente para que eu aprendesse que, mais uma vez, tratar com respeito e dignidade pessoas com determinadas limitações é mais do que uma simples questão moral — é uma questão de amor. E o amor pode ser apagado da memória como definição, mas não pode ser apagado do coração, como o mais puro e importante sentimento humano.

1 comentários:

''VIVIANI'' MINHA ESPERANÇA MOVERÁ MONTANHAS disse...

MUITO AMOR PARA ELES...
O AMOR PODE SER APAGADO DA MEMÓRIA MAS NUNCA DO CORAÇÃO.


VOVÓ EU AMO VOCE ETERNAMENTE...

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