11 de abr. de 2010

O eterno movimento

Em uma dessas manhãs que parece suspensa no ar, percebo que me movimento procurando conforto, suspirando ainda insatisfeita. Procuro um modo de falar que me permita entender pelo menos metade do que me parece ideal. Será que a palavra é o meu meio de comunicação, assim como o foi para Clarice Lispector? Ela dizia que jogava com as palavras como se lançasse dados: acaso e fatalidade. De fato, a palavra materializa o instinto e permite pensar os sentimentos. Assim como Clarice, me pergunto o que posso começar a escrever de modo a amar as palavras, fazendo-as se tornarem a materialização de meus pensamentos. Já sei! Vou começar a anotar frases...

O som macio que sai do teclado a medida que busco, incessantemente, as letras certas, parece uma música imprescindível ao ser humano. Ele me permite atingir, por meio das palavras, a verdade, a tranquilidade e, é claro, a insegurança. Será que estou digitando as composições certas? Minhas linhas se tornarão, ao final, a melodia do que sinto? Claro, sei que corro o risco de chegar ao crepúsculo... mas que graça teria chegar sem obstáculos, mesmo que imaginários, ao dia claro?

Não consigo aquietar-me. Olho pela janela e o que vejo me faz ter ainda mais vontade de saltitar. São pássaros voando de galho em galho, sempre se deixando acompanhar pelos mais variados cantos. Essas aves pequeninas sempre me deixam absortas num universo vago de gente, mas repleto de bem-estar. Não que as pessoas signifiquem mal-estar, mas ah, como elas são complicadas... ou, quem sabe, como elas são complexas a ponto de complicarem tudo. Não me excluo dessa visão macro. Sei muito bem como dificultar algumas coisas – e só perceber que fui capaz disso depois, quando embalada pelo canto dos pássaros, noto maneiras simples e delicadas de contornar situações mais críticas.

Só hoje já mudei a imagem de minha proteção de tela mais de dez vezes. E ainda não me sinto à vontade com a escolhida. Preciso de mais movimento... preciso de novas tentativas, de novas combinações. Preciso também de um novo layout para este canal. Está tão monótono, pobrezinho. Gosto de suas cores e do que me oferece. Mas cansei. Cansei de olhar sempre para as mesmas combinações. Preciso de sobriedade e clareza, sem deixar de lado contrastes marcantes. O que busco é renovação... renovar ideias e ideais.

Tenho lido coisas que me deixam frustrada. Frustrada por perceber quão ignorante algumas pessoas são a ponto de se subjugarem e, o que é pior, tomarem o papel de vítima daquelas que realmente o eram. Sim, lobos em pele de cordeiro. Ah, que vontade tamanha de dizer verdades absolutas, mesmo que tenham inúmeras interpretações. Por que aceitar o que escrevem, sem ao menos colocar o dedo na ferida em busca de conforto psicológico? Estou cansada de ler frases como “não mereço isso, mas não sei o que fazer para mudar”. Mexa-se! É hora de percebermos que há muito mais entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia permite entender. Não é assim? Chega de vitimar-se a ponto de tornar-se digno de pena. Estar acometido de pena é quase uma humilhação... é estar estagnado num mundinho minúsculo, sem ter sabedoria para lidar com os mais singelos sentimentos.

É o que estou tentando fazer. Movimentar-me tanto quanto possível, assim como cinco valentes jogadores de basquete em quadra. Do lado de fora, espectadores motivam, enquanto internamente, cada movimento é levado em consideração. Com o acerto ou com o erro, um discreto toque de mãos, um abraço, um incentivo mostrando que não se está só. E, realmente, não estamos sozinhos no mundo. Do início ao fim, temos que ser como um técnico que vibra, que acredita, que não desiste de mostrar o quando cada um é capaz de vencer por meio da escolha que faz.

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