30 de mar. de 2010

Declaração

Ah, quanta coisa eu gostaria de traduzir em palavras e escrever aqui, para leitores que não sei nem se existem. Quanta coisa eu gostaria de desabafar numa ânsia agoniante de me desfazer das sensações ruins: da insegurança que me deixa abatida, até a raiva que me permito sentir sem medo. São muitos pensamentos translúcidos, que se completam com sonhos melancólicos. É deitar a cabeça no travesseiro para eu me dar conta de que a luz no fim do túnel parece cada vez mais distante. Como se não bastasse, sonhos se tornam pesadelos e levam meu sono para outro mundo... um mundo no qual a lua já dorme e o sol queima meu rosto até arder. A estrada não é de tijolinhos amarelos, não há um arco-íris para animar com suas cores vivas, tampouco vejo alguém ao meu lado. Aqui, me aproprio do pensamento exposto por um amigo em seu blog há alguns dias (lê-se Filipe Ferrari, em http://megustaeltango.blogspot.com): "Afinal de contas, ainda é melhor abraçar privadas estranhas e indignas do que amigos que no momento de dificuldade somem, omitem-se, ou pior ainda, são indiferentes. E, mesmo tempos depois, passado os períodos ruins, não conseguem mais ser vistos como “amigos”. Talvez conhecidos, parceiros de algum churrasco inócuo, ou um chopinho sem vergonha e descompromissado, onde não há mais a cumplicidade muda e silenciosa de outrora".

Rir sozinho não tem tanta graça, mas chorar sozinho abunda a tristeza. Não há necessidade de colo, de desabafo. Há a esperança, apenas, de alguém por ti, mesmo que de longe, ainda que em silêncio. É um bem mais que bem querer. É saber que dependemos de várias pessoas, mas não de seres negligentes e egocêntricos. Não é mais o conceito de beleza finita que me preocupa. O que me angustia agora é a falta de caráter. Afinal, a beleza pode passar, mas o caráter sempre será lembrado, seja de forma positiva, seja por uma porção de dejetos compartilhados.

Declarações de amor não me sensibilizam mais. São só palavras despejadas em uma ordem bonita, métrica, rítmica. O que me mantém é o amor. O sentimento verdadeiro, demonstrado num simples abraço, ou mesmo num bom dia virtual. É o amor sem segundas intenções, transbordando em fraternidade. É uma sensação que não hostiliza, não disvirtua, não sofre preconceitos. É como ensina sábio livro: "Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se eu não tiver amor, nada serei..."

Aí eu me pergunto: somos alguém que valha a pena ter do lado enquanto não formos capazes de olhar não só para nosso próprio umbigo, mas também por aqueles que podem se sentir frustrados e atacados com determinadas atitudes? O tempo ajuda a cicatrizar: a ferida fecha, mas a marca fica. Ao olhar no espelho os momentos vividos surgem aos montes. A lágrima, mesmo que insista em escorrer, é rapidamente cortada por mãos que não querem mais se prender a nada, a ninguém. Só querem amor.

1 comentários:

Filipe Ferrari disse...

Como diria João (o Lennon): "all you need is love".

A geração hippie é um cu por banalizar o amor, mas se bem que as gerações antes deles engessaram o Amor que morreu e ressuscitou.

Em suma, seres humanos são um cu, haha! Ainda bem que tem Alguém que gosta, e muito...

Enfim, custa R$5,00 por dia a citação aqui. Como você é de casa, eu penduro até nos encontrarmos, hahahaha!

Beijo Ana!

Postar um comentário