29 de mar. de 2010

Confusão diária

O que é ser careta? O que é ser preconceituoso? O que é ser livre para pensar do jeito que quiser sem ser julgado de maneira errônea?

Eu acho que não sei mais responder estas perguntas que, outrora, pareciam tão simples. Se eu disser que sou cristã, posso perder seguidores no twitter. Mas se eu disser que vou deixar de seguir homossexuais, posso ser processada. E não estou exagerando. Parece que viver tornou-se um jogo de palavras e atitudes. Um jogo no qual sempre tem alguém de tocaia, a fim de te flagrar fazendo um um comentário que pode ser interpretado como preconceituoso.

Conversando com uma amiga, tentamos descrever o que é ser normal. O máximo que conseguimos perceber foi: somos anormais por termos atitudes consideradas normais. Mais ou menos isso... porque, agora, nada mais é normal. Ou, se é normal, é preconceito... Ai, é tão confuso que não sei mais nem o que pensar pra escrever. E tanto quanto confuso, é revoltante.

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo" (Clarice Lispector)

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