21 de jan. de 2010

Nasceu!

Um dos melhores textos que li sobre Michael Jackson após sua morte foi escrito por Miguel Sokol e publicado na revista Rolling Stone Brasil. Deve ser porque mesmo antes de tê-lo lido era o que eu propagava de forma irreverente: “Michael Jackson não morreu. O objetivo principal da minha monografia é provar isso, iniciando a apresentação com o artista entrando pelo anfiteatro do Ielusc com seu famoso moonwalk”.

Miguel parte do pressuposto de que Elvis Presley não morreu, presumindo, então, que Michael também não. Uma das melhores partes do texto é a seguinte: “Michael Jackson se aproximou da filha de Elvis Presley para descobrir como ele fingiu ter morrido e enganou a todos”. E o autor vai mais longe, concluindo que Michael aperfeiçoou o plano de Elvis, que está por aí, se escondendo da mídia, uma vez que ele não precisará de disfarces para manter-se no anonimato, “já que ele usou peruca, maquiagem branca e máscara enquanto ainda era Michael Jackson”.

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“Eu sempre quis contar histórias, sabe, histórias que viessem direto da alma. Gostaria de sentar perto de uma lareira e contar histórias às pessoas — fazê-las verem coisas, fazê-las rirem e chorarem, levá-las a qualquer lugar emocionalmente com algo tão simples como as palavras”. Assim Michael Jackson inicia o livro autobiográfico Moonwalk.

Nunca fui fã de Michael. Nunca havia assistido a um show ou, muito menos, encontrado o cantor face a face. Acompanhava sim sua carreira, mas só via televisão, jornal, revista e internet, o que me fazia achá-lo, na maior parte das vezes, um monstro. No entanto, algo aguçou meu gosto de observação quando, logo após a morte do artista, a cobertura midiática me apresentou um homem diferente. Fui desperta para um lado humano, sentimental e sofrido do artista, até pouco tempo explorado como uma pessoa ruim e doente. Foi aí que me senti atraída por Michael Jackson, àquele ao qual a mídia atribuiu, então, o título de mito, como Sérgio Chapelin, apresentador do programa Globo Repórter, resumiu no dia 30 de dezembro de 2009: “Morreu o homem, o menino que não queria crescer. E nasceu o mito”.

É, acho que Michael foi, finalmente, viver na Terra do Nunca, assim como Peter Pan. Foi viver com quem não ri de seu nariz, obrigando-o a mudá-lo para não se sentir constrangido. Seja em Pirassununga ou Piracicaba, como sugere Miguel Sokol, ele pode conviver com crianças sem ser mal interpretado. Bom, é o que eu acho. Infelizmente, nunca poderei saber o que realmente passava pela cabeça de Michael. O que sei, é que talento não faltou para que ele se consolidasse como mito.

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